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História


Localizada em plena serra, os condicionalismos naturais terão dificultado desde sempre o seu acesso, realidade essa que deixou marcas no próprio topónimo, uma vez que Furadouro  (um termo português antigo) significaria saída, atalho pouco frequentado e estreito, por onde se pode fugir sem se ser visto. Aliás, a expressão "não lhe dar furadouro" significava mesmo "não lhe dar saída".

A freguesia de Furadouro, ocupando uma área de cerca de 15 quilómetros quadrados, situa-se numa ravina da serra da Senhora do Círculo, próximo duma pequena linha de água, e estende-se pelos lugares de Cadaval Grande, Casmilo, Vale de Janes e Peixeiro. Desde o século XI, pertenceu ao velho termo de Coimbra e mais tarde, foi comenda da Ordem de Cristo.

A Serra da Barça, que foi parte integrante da Serra da Senhora do Circulo, aparece em doação apócrifa de Soure, de 1128 em documentos de 1254 e 1263.

Até ao ano de 1931, Furadouro esteve servida de péssimas vias de comunicação. Só nesse ano, se construiu uma estrada municipal, que mais tarde foi prolongada até ao Casmilo.

Como se encontra localizada na Serra, é fácil admitir que a origem do topónimo advenha do sítio que assenta na falta de vias de comunicação.

Nelson Correia Borges, sobre Furadouro, escreveu: “A Casmilo poderão seguir os montes das alturas castrejas ou das cavernas misteriosas ao Circulo, os apreciadores das perspectivas dilatadas. Foi aqui que Massena assistiu ao combate na Redinha”, aquando das invasões francesas.

No âmbito da cultura popular, desde de tempos imemoriais, os devotos da Senhora, cujo intercessão é infalível contra as longas “estiagens”, vinham de todos os quadrantes a sua festa, fazendo-se acompanhar de seus filhos pequenos, donde também o nome de Festa dos Meninos, por que outrora era conhecida.

De raízes essencialmente rurais, a agricultura continua a ser base económica da Freguesia.

Furadouro tem para oferecer um património que é, essencialmente uma herança cultural sempre entendido como um conjunto de manifestações que emana dos mais diversos graus do conhecimento humano, gerado por múltiplas gerações que, à sua maneira, compreenderam a necessidade de transmitirem algo aos vindouros. 

Desse património cultural, realce para a Igreja matriz, o Cruzeiro do Casmilo e as duas Capelas da terra, a Capela do Cadaval e a Capela de Nossa Senhora do círculo, esta situada num dos montes que fazem parte da Serra de Sicó, a sul de Condeixa e sobranceiro aos lugares do Furadouro, Casmilo. 

O Casmilo, onde deve ter existido um castro, na Idade do Ferro, é outra aldeia tipicamente serrana. Difícil é saber de onde o seu nome deriva, mas já era citado em 1527 e na modesta capela, dedicada a S. Paulo, o santo data do séc. XV. 

Os que por cá ficam entregam-se ao amanho das terras no fundo dos vales e depressões cársicas e a magra pastorícia em rebanhos que, por vezes, não ultrapassam dezena de cabeças.

Expressão visível destas actividades são o “arranjo” das dolinas, com vista a provisão de água para o gado, os muros e montículos de pedra solta ligados a tarefa de despedrega dos campos e as características cabanas de pastores, marcas na paisagem que mais avivam o seu carácter selvagem, agreste e inóspito.

Nas aldeias, as casas de pedra mantêm ainda visíveis as caleiras de recolha das águas pluviais e as cisternas para seu armazenamento, marcas que testemunham o engenho com que estas gentes sempre souberam suprir a falta de água típica do carso.

Freguesia de gente humilde e ordeira, com uma gastronomia riquíssima, permite-lhe encontrar alguns e bons locais para saborear uma boa refeição, desde um petisco ou prato tradicional, ou um simples copo entre dois dedos de conversa. São disso exemplo a chanfana, Papas Laberças e o Sarrabulho, entre outras iguarias da região, acompanhado por um bom vinho maduro.

Publicado por: Freguesia de Furadouro

Última atualização: 15-03-2024